Album Review: Taylor Swift e as desventuras amorosas da sua geração em ‘1989’!


A cantora Taylor Swift tem sido um nome para ficar de olho há um bom tempo e com o disco “Red”, de onde extraiu singles como “We Are Never Ever Getting Back Together”, “I Knew You Were A Trouble” e “Everything Has Changed”, provou que podia ser bem mais que apenas mais uma cantora country, mas se neste material sua sonoridade pendeu cada vez menos para o gênero que a consagrou e tornou famosa, consolidando também o seu público, no seu passo seguinte ela foi ainda além.




Anunciado para quem quisesse saber como o seu primeiro álbum propriamente pop, “1989” é o quinto disco de Taylor Swift e, mais uma vez, ao lado de produtores como Max Martin, Shellback e Ryan Tedder. Inicialmente promovido pelo single “Shake It Off”, o álbum fez com que os fãs da cantora temessem uma mudança drástica em sua sonoridade, tendo a numa zona de conforto com um pop comum, mas levando em conta o voto de confiança que há muito tempo demos para Taylor, já era de se esperar que ela não viria para ser apenas mais uma e assim ela fez.



Pensando no cenário musical da indústria atual, todas estão o tempo todo se esforçando para parecer mais do que realmente são. Dos discos lançados neste ano, pouquíssimos assumem a posição pop de maneira despretensiosa ou sem grandes apelações. Toda essa coisa de apostar em mil e uma participações, além de remixes e produções do Mike Will Made It e Diplo não estavam nos planos de Taylor Swift e, pelo contrário, fugindo de toda essa parafernália, a cantora cumpre com a promessa “propriamente pop” e da melhor maneira possível, revivendo boa parte do gênero em sua melhor fase. “1989” é a reafirmação do talento de Taylor Swift e aparente salvação do gênero, que tem carecido cada vez mais de originalidade e novos ícones.

“Welcome To New York”
Abrindo o disco, “Welcome To New York” foi a forma que Taylor Swift encontrou para mostrar que mudanças são bem-vindas. A cidade dos sonhos americana foi o lar de Taylor durante as gravações do novo CD e, com um pop cheio de sintetizadores e palminhas, a cantora exalta Nova York, prometendo que, ainda que tudo seja brilhante demais, ela não será cegada. “Todo mundo aqui já foi outra pessoa antes”.



“Blank Space”
Taylor Swift já teve muitos namorados famosos e esses, por sua vez, já disseram algumas coisas da cantora, que terminou bem marcada por esses adjetivos. Em “Blank Space”, ela brinca então com sua caricatura na mídia e cria uma personagem que busca por um novo nome pra sua lista de ex-namorados. A fórmula é bem radiofônica e a faixa um dos destaques do disco. “Garotos só querem amor se for uma tortura. Não, não diga que eu não te avisei”. O clipe é uma das melhores coisas de sua videografia e que a gente viu neste ano.

“Style”
Reforçando a vertente oitentista do “1989”, esse hino parece ter sido escrito para o Harry Styles por N razões. A primeira dela é seu nome. Na canção — que é a favorita de Lorde no CD — Swift fala sobre aquele relacionamento que precisa ter um fim, mas você nunca quer que acabe de verdade, então segue estendendo até aonde der. “Eu disse, ‘ouvi dizer que você andou saindo com outra garota’. Ele disse, ‘o que você ouviu é verdade, mas não consigo parar de pensar em nós dois’. Eu disse, ‘eu também estive algumas vezes’”.

“Out Of The Woods”
Soando um pouco mais introspectiva que as outras faixas, “Out Of The Woods” traz um eletrônico mais “obscuro”. Saem as batidas divertidas e entra um peso tenso, denso e duvidoso. A faixa fala sobre um relacionamento que ela não sabia bem aonde ia dar, mas quando finalmente teve um final, compreendeu que foi o que deveria ser. “Eu saí e disse que estava te libertando. Mas os monstros partiram e voltaram a serem apenas árvores e quando o sol nasceu você estava olhando pra mim”.



“All You Had To Do Was Stay”
Taylor pode ter uma série de relacionamentos que não deram certo, mas uma coisa ela garante: uma vez terminado, ela não voltará mais. “All You Had To Do Was Stay” fala sobre um relacionamento aonde o cara tinha tudo nas mãos e, de uma só vez, perde, mas se arrepende e busca por isso outra vez. A faixa traz de volta a sonoridade fresca do disco, respirando além da floresta de “Out Of The Woods”. “Pessoas como você sempre querem de volta o amor que deixaram de lado, mas pessoas como eu se vão para sempre quando você diz adeus”.

“Shake It Off”
Neste ano aprendemos que não se deve recusar uma boa música pop com saxofone e “Shake It Off”, por mais que se perca um pouco em meio aos sintetizadores de todo o disco, ainda soa bem dentro do contexto ao mostrar um pouco do que Taylor estava prestes a arriscar, sem entregar seu jogo por completo. Assim como “Blank Space”, a música desenvolve mais do que dizem sobre ela e seus relacionamentos, adiantando também o seu lado da história. Ela, de fato, lida com todas essas coisas como ninguém. “É como se eu tivesse essa música na minha cabeça, dizendo que tudo ficará bem”.

“I Wish You Would”
O novo hino nacional também é especulado como uma canção sobre Harry Styles. Na música, Taylor fala sobre um relacionamento que bem poderia ser recuperado, se ele tivesse tentado um pouco mais. O cara para seu carro toda madrugada na frente de sua casa, mas em vez de tentar chamá-la pra ter uma conversa, se arrepende em meio a questionamentos do que ela iria pensar ou dizer. Ela só fica sabendo de toda a história depois que eles concordam em serem apenas amigos e, pela primeira vez, discutem sobre o que não funcionou neste relacionamento. “Você me deu absolutamente tudo e nada. Isso é louco, loucura, o amor faz você se acabar. Eu acho que você devia ter voltado”.

“Bad Blood”
Com uma percussão mais agressiva, mas ainda soando bem Taylor Swift, “Bad Blood” fala sobre uma traição, só que desta vez não de um cara. A música já começa com a acusação, “agora nós temos um problema e não acho que possamos resolvê-lo. Você realmente fez um corte bem profundo”, enquanto ela segue cantando sobre, como a própria contou, uma famosa que ela nunca soube se era realmente sua amiga, mas em algum momento falhou de uma forma bem grave. Há especulações a ‘sangue ruim’ da história ser Katy Perry que, coincidência ou não, soltou em seu Twitter uma indireta logo após surgirem as notícias sobre a música nova de Swift. “Se você vive desse jeito, você vive com fantasmas. Você vive dessa forma, seu sangue corre frio”.

“Wildest Dreams”
Aproveitando um pouco do sangue que escorreu na última música, “Wildest Dreams” derruba o clima do disco outra vez. Numa atmosfera Lana Del Rey-ística, tanto sonora quanto liricamente, a música se alimenta dos desejos de Taylor, que só deseja ser lembrada por seu amante, nem que apenas em seus sonhos mais selvagens. Todos os versos bebem muito da água de amor obsessivo da cantora de “West Coast”, talvez seja algo no ar de Nova York. “Diga que você se lembrará de mim”.

“How You Get The Girl”
Uma das coisas mais legais nas composições de Taylor é a maneira com que ela narra as histórias, sempre de uma forma divertida, por mais tristes que elas pareçam, e em “How You Get The Girl”, ela traz um manual sobre como conquistar e perder a garota, provavelmente aconselhando algum amigo. A gente não conseguiu deixar de pensar nisso como uma conversa com o Ed Sheeran, mas nos lembramos de que ele é a última pessoa no mundo que precisaria de conselhos no amor. “É assim que as coisas funcionam e como você consegue a garota”.

“This Love”
Country demais para uma cantora pop, “This Love” é aquela depressão que a gente sente depois de um término. Por mais que houvesse seus momentos baixos, os dois pareciam bons o suficiente para durar para sempre, mas então chegou o fim. Ela bem tentou seguir em frente se envolvendo com outros caras, mas sabia que não seria a mesma coisa. “Quando você é jovem, costuma fugir [dos problemas], mas volta para aquilo que precisa”.

“I Know Places”
De volta aos sintetizadores, mas flertando com o R&B, numa produção do Ryan Tedder, “I Know Places” fala sobre as preocupações de Taylor em meio aos namoros e toda a perseguição da mídia e conhecidos, em busca de maneiras pra fazê-los se tornar um problema para o outro e, consequentemente, terminarem. “Eles são os caçadores, nós somos as raposas. E nós corremos! (...) Querido, conheço lugares aonde não seremos encontrados”.

“Clean”
Cheia de metáforas, “Clean” prova que nem todo fim é mesmo triste, em tempo que, depois da chuva, ela consegue ver o sol nascer e finalmente se sentir bem, limpa. Entre as muitas teorias sobre a canção, vão desde relacionamentos que faziam mal à própria trajetória dela com a mídia, que agora parece mais interessada no seu lado artista do que midiático. “Quando eu estava me afogando que finalmente consegui respirar”.

“Wonderland”
Ela pensou que as luzes de Nova York não iriam cegá-la, mas nos primeiros versos de “Wonderland”, ela se perde por conta da mesma iluminação, que a confunde e faz com que caia no buraco do coelho. Obviamente, o que temos aqui é uma metáfora relacionada ao clássico “Alice no País das Maravilhas”, que vai desde a fantasia de algo perfeito ao “cair na realidade”, lidando de forma madura com o que realmente temos em mãos. A faixa lembra a sonoridade de “I Knew You Were A Trouble”, mas de maneira menos agressiva. “Tudo não passa de jogos e diversão até que alguém perca a cabeça”.

“You Are In Love”
E quando não há dúvidas que o amor é verdadeiro, Taylor Swift também tem algo a dizer. Agora cantando sobre o relacionamento do seu amigo Jack Antonoff, das bandas Blechers e FUN., a cantora descreve cenários que, dentro do contexto do disco, dariam ótimas fotos numa Polaroid, com uma mensagem clara: “você está amando”. Todo o arranjo é bem simples, mas não passa despercebido.

“New Romantics”
ESSA É A MELHOR MÚSICA DO DISCO. 

Depois de todo o climão das faixas anteriores, até então amenizado pelas afirmações de “You Are In Love”, “New Romantics” vem para encerrar o disco ansiando por algo novo. O hino da libertação de Taylor é a melhor prova de que ela realmente sabe lidar com decepções e, descrevendo os romances dos dias de hoje, ela canta então sobre seu conto de fadas moderno. “Porque, querido, eu poderia construir um castelo com todos os tijolos que jogam em mim. E todo dia é como uma batalha, mas todas as noites com a gente é como um sonho. Nós somos os novos românticos, venha comigo também! Coração partido é o novo hino nacional e cantamo-lo orgulhosamente. Estamos ocupados demais dançando para sair daqui. Somos os novos românticos. As melhores pessoas da vida são livres”.



Concluindo:
Taylor Swift é talentosa demais para ser apenas mais uma artista e, em seu primeiro disco totalmente pop, ou pelo menos assim anunciado como, cumpre mais do que bem a sua missão, reforçando boa parte do que já havia nos mostrado anteriormente e só confirmando o que já pensávamos quanto ao seu talento para composições, acompanhadas de uma sonoridade impecável. Os rumores não estão tão errados e é bem provável que realmente haja versos sobre pessoas específicas, mas no geral, “1989” é sobre a descoberta e redescoberta dela mesma, que se vislumbra com um novo lugar, se apaixona, sofre e sorri com o novo amor e então precisa lidar com o fim, até que possa recomeçar do zero. Essa menina, ou melhor, mulher, ainda vai ser bem maior do que esperamos.

Nota do editor: se alguém se dedicar a contar, a resenha acima contou com 1989 palavras. <3

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